Um público de 3.900 pessoas aplaudiu o Espetáculo Usina da Dança Descobertas de Pinóquio apresentado entre os meses de novembro e dezembro nos municípios de Guaíra, Ipuã, Miguelópolis, Orlândia. O Espetáculo, realizado pelo Ministério da Cidadania, Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Pazeto & Bonato Ltda e Instituto Oswaldo Ribeiro de Mendonça – IORM levou aos palcos regionais mais de 360 bailarinos, 40 coreografias e centenas de figurinos que apresentaram uma nova leitura da obra Pinóquio. O espetáculo contou com a participação especial dos bailarinos do Projeto Usina da Dança de Orlândia em quatro apresentações realizadas nos municípios da turnê.
O espetáculo deste ano contou com mais um componente que compôs o quadro criativo de forma contemporânea e surpreendeu a plateia. A narrativa ganhou tecnologia de ponta com imagens de alta definição projetadas em telão de led de grandes dimensões. “A projeção serviu de apoio a todo o processo criativo, fazendo a mediação entre as linguagens digitais e a participação humana, causando encantamento e emoção ao público presente”, destaca Valéria Pazeto, da empresa Pazeto & Bonato.
No palco, os bailarinos apresentaram o resultado de um trabalho artístico em dança que foi criado a partir dos processos investigativos das inquietações cotidianas dos alunos em seu contexto diário. Este movimento envolveu famílias e comunidade. “Os alunos foram instigados a refletirem e a se inspirarem em obras para sustentar os processos artísticos, explorando as experiências diárias, aprendendo e transmitindo valores e conhecimento por meio do mundo pessoal e coletivo de cada um”, afirma Valéria.
“Esse pensamento contemporâneo foi traduzido para a prática através da criação de um espetáculo plástico e híbrido com uma metodologia multirreferencial que permeou integração, diversidade, colaboração, complexidade, arte educação, educação somática, intertransdisciplinariedade, subjetividade e poética, mesclando habilidades técnicas sensíveis e criativas utilizando-se das linguagens das artes: música, artes plásticas e literatura e das artes da cena: balé clássico, jazz, contemporâneo e teatro.”
As apresentações realizadas em Miguelópolis e Orlândia foram produtos do Projeto Movimentações Poéticas e tiveram como proponente a empresa Pazeto & Bonato Ltda. O Projeto foi aprovado Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Plateia
Em todos os municípios em que foi apresentado, o espetáculo contou com a plateia como protagonista. As pessoas envolveram-se promovendo uma verdadeira troca com os bailarinos, reinterpretando o processo de criação.
Antecedendo o início da apresentação, o público acompanhou os bastidores da criação por meio do vídeo que apresentou o processo de construção da Descobertas de Pinóquio em cada cidade.
“Nosso intuito foi o de transmitir e contextualizar o espetáculo, envolvendo a plateia com as poéticas contemporâneas, as linguagens artísticas, o cenário social, ambiental, econômico, cultural e artístico local e a história da arte.”, afirma Valéria.
Ela lembra que o processo de criação também proporcionou momentos de diálogo junto a estudantes e professores da rede oficial de ensino de cada município, especialmente o de escolas públicas com o objetivo de sensibilizar e despertar a comunidade escolar para a importância da arte e da cultura como elementos da identidade, significado e informação. “Por meio deste diálogo procuramos tornar ainda mais evidente a ligação dos múltiplos aspectos da vida na contemporaneidade com as vanguardas, os movimentos artísticos e o conhecimento ao longo da história.”, salienta Valéria.
PROCESSO CRIATIVO
A obra do escritor italiano Carlos Collodi, Pinóquio foi a fonte inspiradora para os integrantes dos projetos Movimentações Poéticas Usina da Dança para sua criação artística
Por meio da escuta ativa de todos os participantes: professores, pais e alunos e pelo trabalho atento e minucioso da equipe artística e psicossocial, ficou evidente a preocupação com os conceitos de família, educação e construção de valores para o que se acredita ser formação humana.
“A escuta ativa democrática é um dos ingredientes mais importantes na comunicação e muitas vezes é o ponto fraco na interação entre as pessoas. Ela exige abertura para com o outro, atenção plena sobre o que o outro deseja expressar, e assim o fizemos”, conta Valéria.
O projeto adotou a abordagem que compreende as muitas gerações envolvidas e busca adequar-se à atualidade, visando a escuta dessa criança e sua educação de forma global, incluindo o conhecimento formal, os aspectos artísticos e sensíveis, que são essenciais para todo esse grupo embasado em diálogos e pesquisas. A história do tronco de madeira que ri e chora foi matéria prima valiosa para abordagem criativa desses temas.
A assinatura autoral do espetáculo adotou o conceito da arte propositora, entendida como um mecanismo criativo em que os artistas utilizam as relações comunicativas de maneira intensa e direta, expondo uma estética que envolva os espectadores em um determinado propósito, transmitindo, assim, intensidade nas obras, de forma que estes se tornam integrantes ativos desta construção, não meros espectadores e sim parte da criação. “O processo criativo teve como munição artística os intérpretes Lígia Clark, Hélio Oiticica e o atual Ernesto Neto, além do texto literário “Pinóquio às Avessas”, de Rubem Alves.”, conta Valéria.
Os laboratórios, realizados em princípio com os professores e, posteriormente, com os alunos, resultaram em bonecos que foram expostos no ambiente da apresentação. “Solicitamos aos participantes materiais que de alguma forma representassem o que é importante para cada um, relacionados com memórias afetivas, emoções e sentimentos, coisas de sua personalidade e que compõem a sua identidade. A participação de todos os integrantes concretizou-se em movimentos e interpretações dos personagens da peça”, lembra Valéria.
Pinóquio revela algo essencial que não pode se perder diante do mundo recheado de estereótipos: a valorização do ser humano como ser pensante, crítico e sensível, que integra a sociedade rica em cultura, estrutura e pessoas distintas entre si. As artes assumem o papel como o meio essencial para a manutenção desse ser. “Os pilares fundamentais da Usina da Dança: educação somática, arte e educação, teoria da complexidade e Intertransdisciplinariedade, uniram-se às relações primordiais entre professor-aluno, família e sociedade, e permitiram um resgate da sensibilidade para todas as questões da vida. Além disso, valorizamos o processo da reflexão antes da ação, de forma a associar que cada escolha que fazemos gera uma consequência, negativa ou positiva, e um aprendizado, compositor do caráter individual dessas pessoas.”, finaliza Valéria.
Incentivo às mudanças
A história de Pinóquio relata as aventuras vividas por um boneco de madeira um tanto teimoso e curioso. Originalmente, o velho carpinteiro Gepeto talha em madeira um boneco pelo desejo de ter um filho. Quando o boneco ganha vida, logo o manda para a escola, pois “menino que não frequenta a escola, vira burro!”.
Esta frase é a pedra de toque que traz a base do espetáculo para um Novo Pinóquio. “É necessário quebrar este paradigma da história original e mostrar que brincar e fazer parte do mundo das artes também é essencial para a formação do indivíduo, e não apenas a racionalidade da escola tradicional pela metodologia imposta. É preciso ter um objetivo claro perante as situações do cotidiano, apoiando-se nas pessoas certas e pensando antes de agir.”, comenta Valéria.
Lições e valores de honestidade, família, carinho, disciplina, sustentabilidade e determinação foram abordados a todo momento. Ao final, Pinóquio transforma-se em ser humano pela modificação de seus comportamentos, que adquire por meio das comparações permitidas pelas experiências vividas e das más ações e retribuição de todo carinho e cuidado que recebeu de seu pai, Gepeto.
O conto, apresentado às avessas, tem a potência de provocar uma reflexão profunda, capaz de incentivar mudanças significativas em favor de uma educação que promova a escuta, que preserve na criança – no ser humano – a capacidade de sonhar, de criar, de transformar e de se realizar.
Miguelópolis
O município de Miguelópolis foi o primeiro a receber a turnê 2019 do Espetáculo Usina da Dança Descobertas de Pinóquio. As apresentações aconteceram nos dias 20, 21 e 22 de novembro, sempre a partir das 20 horas, no Centro Cultural Rail Miguel Sawan. No dia 22 de novembro, além da apresentação dos bailarinos do Projeto Usina da Dança e Oficina de Artes Integradas Miguelópolis, o espetáculo contou com a participação dos alunos do Projeto Guri Polo IORM Miguelópolis e Artes e Ofícios. As apresentações contaram com um público de 900 pessoas.
Ipuã
O segundo município a receber o espetáculo Usina da Dança Descobertas de Pinóquio, foi Ipuã. As apresentações aconteceram também a partir das 20 horas dos dias 28 e 29 de novembro no Ipuã Country Club e receberam um público de 600 pessoas. No dia 29, a Oficina de Artes Integradas Usina da Dança e Artes e Ofícios receberam convidados no palco. A abertura do espetáculo foi feita pelo Coral Unaerp, sob regência de Cristina Modé Angelotti e contou com a participação do Projeto Guri e da Entidade Santana de Ipuã.
Guaíra
Guaíra foi a terceira cidade a receber a turnê do espetáculo, realizado no Grêmio Recreativo e Esportivo Colorado. O palco recebeu a apresentação dos bailarinos da Oficina de Artes Integradas Usina da Dança e Artes e Ofícios nas noites de 4 e 5 de dezembro. Na segunda noite de apresentação, a abertura do espetáculo ficou a cargo do Coral Unaerp, sob regência de Cristina Modé Angelotti. Os dois dias de espetáculo somaram um público de 900 pessoas.
Orlândia
A turnê regional foi encerrada com quatro apresentações no Centro de Lazer Prefeito Edgar Benini, na cidade de Orlândia. A estreia do espetáculo em Orlândia aconteceu no dia 11 de dezembro, com apresentação dos bailarinos da Usina da Dança/Oficinas de Artes Integradas. O espetáculo no dia 12 de dezembro teve, ainda, a participação da Usina da Dança e do Projeto Guri Polo IORM Orlândia. Nas noites de 13 e 14 de dezembro, o palco do Centro de Lazer também recebeu o Projeto Artes e Ofícios e participação especial dos alunos da Usina da Dança. As quatro apresentações contaram com um público de 1.500 pessoas.